Sintomas e Limitações Funcionais de Pacientes com Síndrome da Dor Patelofemoral


INTRODUÇÃO Uma das desordens musculoesqueléticas mais frequentes que acometem a articulação do joelho é a síndrome da dor patelofemoral (SDPF). Sua incidência é maior em populações fisicamente ativas como adolescentes e adultos jovens, ocorrendo com maior frequência entre as mulheres em função das diferenças estruturais na largura da pelve, anteversão femoral, ângulo Q, torção tibial, força do quadríceps e lassidão ligamentar do joelho . A etiologia da SDFP ainda é incerta, sendo a causa mais comum o mau posicionamento da patela . Entre outros fatores citados na literatura, estão o aumento do ângulo Q, a insuficiência do vasto medial oblíquo e a fraca ativação das fibras posteriores do glúteo médio . Além disso, há destaque para a pronação excessiva da articulação subtalar, levando a compensações biomecânicas que sobrecarregam a articulação do joelho . A dor pode ser considerada como uma resposta fisiológica normal, predita e decorrer de um estímulo mecânico, térmico ou químico . A dor é o principal sintoma apresentado pelos sujeitos com SDFP, a qual se caracteriza como difusa, retropatelar ou peripatelar, frequentemente bilateral e com períodos de exacerbação. Os pacientes queixam-se de dor principalmente durante atividades que envolvam flexão do joelho como subir e descer escadas, agachar e permanecer sentado por tempo prolongado. Tendo em vista que a dor e a dificuldade para realização de atividades de vida diária são as maiores queixas apresentadas pelos pacientes com SDPF, e que poucos estudos quantificaram estes sintomas, são necessários mais estudos que avaliem o comportamento da dor durante a realização de atividades da vida diária, bem como as limitações impostas pela SDPF na sua realização, para que por meio destas evidências seja possível elaborar um plano de tratamento. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os sintomas e limitações funcionais de pacientes portadores de SDPF. sindrome do patelofemoral DISCUSSÃO Ao investigar as características da dor, pode-se constatar que a maioria dos pacientes com SDPF (62%) apresentou dor bilateral. Estes dados vão ao encontro de estudo que observou maior prevalência da dor bilateral nos sujeitos com SDPF, ao contrário de outra pesquisa5 que observou que a dor patelofemoral unilateral esteve presente na maioria dos pacientes pesquisados. Quando questionados sobre a presença de dor na articulação patelofemoral ao realizar atividades como agachar, ajoelhar, subir e descer escadas, correr, ficar muito tempo sentado e praticar esportes, observou-se relatos de dor em todas as atividades, com agachar e ajoelhar apresentando maior número de sujeitos com dor ao realizá-las. Estes dados podem ser explicados pelo fato de que a dor patelofemoral normalmente se agrava durante atividades que exigem altos níveis de contração, tanto concêntrica como excêntrica do quadríceps, como correr, agachar ou subir e descer escadas. Os relatos dos pacientes se confirmaram durante a avaliação das atividades funcionais uma vez que foi observada diferença significativa na intensidade da dor dos sujeitos com SDPF após agachar, subir e descer um step, caminhar em superfície plana além de subir e descer escadas e rampa. Movimentos como subir e descer escadas, agachar, ajoelhar, necessitam maior flexão do joelho do que durante a caminhada em terreno plano. Essa maior flexão do joelho leva a aumento nas forças de reação e áreas de contato na articulação patelofemoral devido ao ângulo entre o tendão patelar e o quadríceps tornar-se mais agudo. Além disso, conforme a flexão do joelho aumenta, os braços das alavancas do fêmur e da tíbia aumentam, exigindo maior potência do quadríceps para resistir ao momento de flexão do peso corporal. Estas constatações podem também explicar o fato do agachamento ter sido a atividade em que houve maior exacerbação da dor dos sujeitos, uma vez que esta tarefa envolve altos ângulos de flexão do joelho. Além da dor para realização de atividades funcionais, 62% dos sujeitos do estudo relataram dor ao permanecer sentados por longos períodos. Algumas hipóteses para essa dor são o tensionamento dos tecidos moles sensitivos peripatelares e defi ciência da cartilagem patelofemoral quando o joelho é mantido em flexão completa, ou a relativa estase ou diminuição do movimento do líquido sinovial lubrifi cante entre a região posterior da patela e o sulco femoral ao fi car nesta posição por muito tempo. Através da aplicação do questionário de Kujala, constatou-se menor pontuação no GSDPF (75,8 pontos) em comparação ao GC (100 pontos), evidenciando que estes sujeitos apresentam limitações funcionais. Ao aplicar este mesmo questionário em sujeitos com dor patelofemoral, outro estudo também observou menor pontuação nos sujeitos com esta afecção, com 81,72 pontos nos sujeitos com SDPF com maiores níveis de dor e 84,11 pontos naqueles com menores níveis de dor após exercícios aeróbicos. Adicionalmente, outros autores também aplicaram o questionário de Kujala a fim de determinar a capacidade funcional dos sujeitos com SDPF, observando pontuação de 73,88 pontos, demonstrando que estes sujeitos possuem redução na sua capacidade funcional, concordando com os achados do presente estudo. Sendo assim, acredita-se que a dor relatada pelos sujeitos para realização das atividades funcionais, está relacionada com a menor pontuação apresentada por eles no questionário de Kujala, demonstrando que os sujeitos com SDPF apresentam dor e dificuldade para realização de atividades de vida diária.   Fonte: Universidade do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, SC. Rev Dor. São Paulo, 2012 Jan-Mar;13(1):50-4

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